Acervo Digital da
Memória do Paineiras

Cine Teatro Paineiras

O Cinema e auditório, atual Cine Teatro, foi inaugurado no dia 15 de agosto de 1975. Antes da inauguração, as projeções  eram  realizadas na antiga sala de Yoga e atual SPA feminino. As fitas eram de 16mm.

História do Cine Teatro Paineiras 

Para contar um pouco da  história do Cine Teatro, recorremos a   pequenos trechos de matérias publicadas em revistas antigas do Paineiras. A escolha dessas citações foi intencional,  aproveitando o início do projeto de resgate da memória do Clube.

Inauguração

O atual Cine Teatro foi inaugurado no dia 15 de agosto de 1975.
Em março de 1979, estava em fase final a construção do conjunto de camarins do cinema e a saída de emergência, funcionando também como acesso de atores ao fundo do palco, sem necessidade de cruzar a plateia. Além de aumentar a segurança do auditório do cinema, essa construção permitiu  a expansão das atividades teatrais, até então limitadas pela inexistência de vestiários e camarins adequados para os artistas.
Na inauguração do cinema, a fita que seria exibida (em 35mm) era o “O Expresso da Meia Noite” e a sala estava lotada. Mas no meio da noite, no meio do filme, o projetor quebrou e a seção teve que ser cancelada. Quem esteve presente durante este episódio  deve ter ficado decepcionado, mas nem tanto quanto o operador cinematográfico Pedro Braga. Ele aprendeu esse ofício quando ainda trabalhava no “Cine Broadway”, onde começou como lanterninha.  “Naquela época os homens eram obrigados a usar gravata para entrar no cinema e as fitas de celuloide incendiavam facilmente, como se pode ver no filme Cinema Paradiso”, relembra. “Muitos sócios me chamam de Alfredo, isto me emociona, pois, quando assisto esse filme é como ver parte da minha vida na tela”.
Pedro Braga, já falecido, trabalhou no Paineiras  durante 24 anos, desde a inauguração  até  02 de março de 1999, quando se aposentou. Após sua saída, assumiu a função o funcionário José Vicente e posteriormente  Jose Carlos Castro da Fonseca, (o Gaúcho), assumiu  a  responsabilidade pelas operações no Cine Teatro.
No decorrer dos anos,  novos  equipamentos de projeção, sonorização e iluminação foram adquiridos, permitindo  a realização de eventos diversos.
“Nos anos 70 e 80 o cinema viveu grande agitação, sempre lotado, trazendo pré-estreias de super produções entre outros eventos.
Após 3 anos desativado, em janeiro  de 2011 passou por  mais uma reforma para adequação da cabine central, onde foram  instalados  os equipamentos de projeção, sonorização e iluminação, centralizando  e facilitando a operação dos equipamentos. Os equipamentos de projeção de 35 mm foram substituídos por equipamento digitais e  a tela  Cinemascope foi substituída por tela plana.
A instalação dos equipamentos e reformas forma finalizadas em  março  de 2011  e o cinema voltou a exibir filmes aos finais de semana.

Programação de filmes

Junho de 1978 – O Melhor Cinema da Cidade. “Uma projeção tecnicamente impecável. Você vê tudo tão claro e nítido quanto permite a qualidade da cópia dos  laboratórios  nacionais. E ouve também tudo que é dito dos gritos aos sussurros. No programa, sempre o trailler do filme que você pode ver  na semana seguinte. As vezes também um jornal escolhido, atualizado, com a cobertura de algum acontecimento de interesse. Enquanto aguarda o início da projeção, você está ouvindo sempre da melhor e da mais elegante música popular brasileira: Egberto Gismonti, João Gilberto ou  tom Jobim.” 

Programação de junho de 1978: Inverno de sangue em Veneza, Uma ponte longe demais, Valentino, Dersu Uzala, Jesus de Nazaré.  

13 de junho de 1978 – “Ana e os lobos  de Carlos Saura – No clube do  cinema moderno. Um dos mais polêmicos filmes  apresentados no festival de Cannes de 76. Eleito pela crítica  carioca  o melhor filme de 77.

20 de junho de 1978 – “A noite do espantalho” na Revisão do Cinema Brasileiro, onde era exibido um grande e atual filme  de nosso cinema que não pode ser apresentado em pré-estreia.

Março de 1979: Por um cinema ainda melhor. “A partir deste mês de março, O cinema do Paineiras ficará ainda melhor. Dois novos ciclos vão somar-se a nossa programação: “Grandes Bilheterias” e “Os Melhores de sempre”. Assim você poderá ver bons filmes toda semana, de quarta a domingo. As quartas e quintas são apresentados alternadamente os  2 novos ciclos, a “Revisão do cinema brasileiro” e o  “Clube do Cinema Moderno”. As terças feiras continuarão reservadas para eventuais sessões  especiais, pré-estreias nacionais e estrangeiras, ou ainda teatro e shows. “Grandes Bilheterias” , vai exibir as obras de maior sucesso de público, , oferecendo oportunidade de se ver ou rever sucessos como Tubarão,  King Kong, Love Story, Papillon, ou Embalos de Sábado à  Noite.  “Os Melhores de Sempre”, será uma incursão na história do cinema. Vai mostrar obras primas que marcaram época e permanecem insuperadas na arte de fazer cinema. E, também a partir de março, você contará  com uma bombonière no Cinema e poderá participar ativamente da programação. 

Abril de 1991: A programação de filmes tem feito muito sucesso entre os associados. Os sete filmes para adultos selecionados foram assistidos  por 3.084 pessoas. 

Em abril de 1991, foi inaugurado o telão do cinema. A programação de 3ª e 5ª feiras era  de filmes clássicos, históricos, de diretores como Fellini. Já nos finais de semana, a programação era voltada para a família, com filmes mais leves e divertidos.

Agosto de 1990 - O cinema também teve momentos tristes. No dia 12 de julho um funcionário que iria realizar um trabalho de manutenção encontra o cinema totalmente depredado. O Cinema  foi invadido e destruído num ato de puro vandalismo. A tela cortada, os assentos das  poltronas  arrancados e o carpete sujo com disparo dos extintores

Cinema

Eventos diversos

Dezembro de 1977 – Cinema lotado com a realização do 1º Festival Paineiras da música. 1º FESTIVAL PAINEIRAS DE SUPER 8 – “E o tempo parou”, o grande ganhador a “PAINEIRA DE OURO”, de Nuno Vieira da Fonseca. Filme belíssimo, capaz de impressionar os mais exigentes realizadores profissionais, recebeu média máxima de todos os jurados. Também receberam diplomas de “mérito artístico” Paineiras, os melhores: ator, atriz, diretor, apresentação, fotografia, trilha e roteiro. O melhor filme recebeu ainda uma câmara Super 8 – automática, no valor de 30 mil cruzeiros, oferta da Importécnica, entregue pelo seu diretor, nosso sócio Thomas Garanszegi. Nota especial e agradável foi o filme de apresentação do Festival, produzido pela Disk Filmes, com cenas e curiosidades de nosso clube.”

Março de 1979 - Teatro “Ser tão Sertão” – Com textos baseados em famosas obras do grande escritor Guimarães Rosa, música de Rolando Boldrin e interpretação de Lima Duarte. A grande surpresa do espetáculo não foi a maravilhosa interpretação de Lima Duarte dos trechos de Sagarana, Grande sertão veredas, Corpo de Baile, etc.,, mas sim o conhecido galã de telenovelas, Rolando Boldrin, que agora se revela como compositor e “cantadô”.  Viola afinada no mais autêntico estilo caipira, Boldrin volta às origens cantando velhos sucessos  que falam de gente humilde que vive nas comunidades interioranas.

Maio de 1979 – estreia da peça “O Garçom do casamento”, com o grupo de teatro do Paineiras.

Maio de 1979- Cinema: Três Festivais em uma só vez – Numa iniciativa pioneira no Brasil, o Paineiras está promovendo entre junho e setembro três festivais de cinema Super 8. O primeiro, exclusivo para sócios e convidados, será o II Festival Paineiras de Filme Super 8 ( II FEPA-8), destinado a reeditar e superar  o sucesso do I FEPA-8. 

O Festival Nacional Paineiras de Filme super-8, reunindo os vencedores do II FEPA-8 e participantes de todo país. Depois foi aberta a I Bienal Internacional Paineiras do Cinema Amador, reunindo os vencedores do festival nacional e participantes  de todo o mundo, filiados a “Union Internacional de Cinèma d’Amateur”.

A montagem destes festivais  compreende desde a realização de cursos internos para associados, até contatos internacionais, contatos com patrocinadores, fornecedores, imprensa, etc.

De 28 de agosto a 1º de setembro de 79  aconteceu a I Bienal Internacional Paineiras de Cinema Amador, com  a participação de 2 filmes australianos, 1 americano, 1 português e 2 alemães. A sensibilidade e a criatividade  dos filmes nacionais superaram  a técnica dos filmes vindos do exterior e o filme brasileiro foi o grande vencedor do festival.

Agosto de 1979- Grupo de teatro estreia a peça Tim Tim por Tim Tim em 19 de junho de 79, sob a direção de Vera Nunes.

Maio de 93 – Eudóxia de Barros   apresenta recital de Piano.

Março de 93 – Projeto "100 anos de Música Brasileira” com Paulo Moura, regente do Coral Paineiras, Ítalo Perón, compositor e arranjador e o compositor Jayme Saraiva .

Março / abril de 1995 - Carla Camurati acompanhou pessoalmente a exibição do seu filme “Carlota  Joaquina –  A Princesa  do Brazil”, e falou sobre a realização e dificuldades .

Novembro de 1996 – I Semana Cultural, com apresentações de coral, música instrumental, teatro, palestras e debates, e  entre outros eventos  a Mostra 30 Anos de Ouro do Cinema Nacional, com ilustres convidados como Dercy Gonçalves, Anselmo Duarte e Alice Gonzaga – estrelas dos filmes que foram apresentados, além da presença de Vera Nunes e Altamiro Martins, associados do Paineiras  que participaram da idealização e produção da mostra. Entre os filmes apresentados”O Pagador de promessas”, “Presença de Anita”, “Os Falsários” e “O Ébrio”.

Junho de 1981 -  o grupo de teatro do Paineiras apresenta sob direção de Vera Nunes e Ademir Martins,  O Inglês Maquinista”, de Martins Pena.

E desde então vários eventos são realizados  entre filmes, peças de teatro infantil e adulto, recitais, orquestras, palestras, entre tantos  outros eventos.

Início do Teatro Paineiras

No dia 10 de agosto de 1977, Vera Nunes recebeu 28 associados para testes, com a finalidade de selecionar elementos para formação do Grupo de Teatro do Paineiras. Tem assim início o teatro, que desde então apresentou mais de 50 peças no palco do Cineteatro. Atualmente o Grupo de Teatro Arte In Cena é composto por 1 núcleo adulto, 1 núcleo juvenil e 2 núcleos infanto-juvenis, que anualmente produzem 4 peças.

Pluft, O Fantasminha – o mais premiado texto de Maria Clara Machado foi escolhido por Vera Nunes para estreia, em 04 de dezembro de 1977, do Grupo de Teatro Paineiras, formado exclusivamente por associados do Clube. Estavam no elenco: Maria Helena, Clery Callia, Mônica Ferreira, Claudia Gottschack, José Guerreiro Álvares,Sergio Luiz Maximino, Paulo Henrique Pagliuso, Paulo de Tarso e Renato Penteado.  

As pré-estreias com coquetéis e seguidas de “debate sem perdão” eram os eventos mais concorridos, contavam com a presença dos diretores e atores dos filmes exibidos e lotavam o cinema.

Algumas pré-estreias

30 de agosto de 1977 – Daniel, o Capanga de Deus, de João Baptista Reimão, com a presença de Regina Duarte, Arduino Cola santi, Paulo César Pereio e patrícia Figueiredo. Após a exibição do filme foram distribuídos exemplares do livro que deu origem ao filme.

29 de novembro de 1977 : Lúcio Flávio – apresentado pelo seu criador e diretor Hector Babenko, “Lúcio Flávio” foi exibido em pré-estreia no cine teatro do Paineiras. Excelente, sério, corajoso, um libelo aberto contra os maus policiais, um espetáculo de violência, amor e desamor, que surpreendeu a plateia. Depois os debates sem perdão entre os associados e alguns convidados famosos, como o escritor Ignácio de Loyola e o ator Ibañez Filho.

13 de dezembro de 1977 – “Um marido contagiante”. A primeira pré–estreia carioca, do diretor Carlos Alberto de Souza Barros. Após a sessão , como sempre, foi realizado debate.

07 de março de 78 – “Parada 88” – O limite de Alerta – Filme de José de Anchieta, uma das mais importantes obras do cinema brasileiro, nos últimos anos. É corajoso, incrível, revelador, feito de talento e muita criatividade. Sua atmosfera envolve o espectador e o coloca diante de uma das mais perigosas ameaças de nosso tempo: a poluição. A promessa do fim. Interpretado por uma cega presa na própria casa, Regina Duarte faz seu melhor papel no cinema. Você não pode perder esta pré-estreia. Vibrar com o filme participar do "debate sem perdão", a seguir, quando estarão presentes as pessoas envolvidas na execução do filme, inclusive Regina Duarte.”

Junho de 1978 – “Pintando o sexo”, um título que não espantou. Coquetel concorrido, cinema lotado, grande participação nos debates. Desta vez, valeu e foi recompensada a coragem de apresentar uma faceta do Cinema Brasileiro, até então inédita em nossas pré-estreias, o filme erótico. Mesmo com esse título espetaculoso que poderia afugentar muita gente, teve  acolhida crítica e construtiva de nossa sessão de pré-estreia, que assim ganhou plena maturidade. 

Novembro de 1979 -  Cinema em crise – Zaé Jr, diretor cultural e mediador dos debates sem perdão das 3ª feiras, volta ao palco com um afirmação muito grave: “Nosso cinema está ameaçado”. Em pesquisa realizada o cinema apareceu como a segunda atividade mais importante do Paineiras, com sessões de 4ª a domingo, totalizando 34 a 39 sessões mensais, chegando a um público aproximado de 7.500 pessoas/ mês. Eram exibidos os melhores lançamentos da capital, concomitantemente com as melhores casas, com a vantagem do clube escolher os melhores dos melhores por não pertencer a nenhuma  cadeia exibidora. Entanto, os bons espetáculo entraram em crise, pois os grandes filmes de repente sumiram da nossa tela. A razão foi dramática, porem simples : As distribuidoras americanas que detinham  a grande maioria das  melhores produções americanas e europeias estabeleceram um acordo comum de somente locar filmes para clubes com 3 / 4 anos de carreira e preço mínimo de Cr$ 30.000,00. Essa atitude tornou proibitivo a locação dos filmes, antes em torno de Cr$ 5.000,00. Essa medida atingiu todos os clube que tiveram que se contentar em locar filmes nas distribuidoras brasileiras e europeias, com algum estoque de filmes de qualidade. As distribuidoras brasileiras sensibilizadas com o problema colocaram-se a disposição fornecendo  bons filmes , porém sem a força dos grandes cartazes.

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